
Sem-títulos, 2017
carvão, nankin e manipulações digitais
Esse foi um trabalho meu que foi publicado na última edição da revista Omenelick2ato. A proposta era produzir um algo visual sobre as violências naturalizadas aos corpos negros e confesso que foi bem penoso.
Toda família preta no Brasil vai ter seus próprios casos e tretas e é difícil individualizar eles sem expor mais as dores, tanto físicas quanto psicológicas. Todo o trampo começou com a música escrita na coluna da direita (a mesma que eu declamei no vídeo com a Luedji Luna) sobre o assassinato de um primo meu meio distante.
O louco é que ao mesmo tempo em que é difícil expor esse genocídio preto, ele é muito publicizado pela mídia sensacionalista, aqueles jornais carniceiros e a própria internet.
O nome desse trampo é Sem Títulos (no plural mesmo) porque fala dessas pessoas sem nome, gente-estatística, não individualizada, sem rosto mesmo. A coluna da direita foram pesquisas no Google de casos que eu lembrava como a Cláudia, Luana Barbosa, Maria Eduarda, mas que quando procurava na internet, me vinham como "mulher arrastada por viatura", "mulher morta após abordagem", "chacina com x presos", isto é sem nomes.
Quero destacar os familiares dessas vítimas do Estado genocida, da "guerra ao tráfico", desse cerceamento da vida do povo pobre e preto e tomo como referência as Mães de Maio. São pessoas que de certa forma também vão morrendo por dentro, por isso essas personagens meio fantasminhas no centro da imagem e também esse retrato do meu próprio pai.
Bom era meio que isso
Link da revista: https://issuu.com/omenelick2ato/docs/menelick_webnar e editar seu próprio texto. É fácil.